quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

BOSSA NOVA



Movimento da música popular brasileira que surge no final dos anos 50, lançado por João Gilberto (1931-), Tom Jobim (1927-1994), Vinícius de Moraes (1913-1980) e jovens cantores e compositores de classe média da Zona Sul carioca. Caracteriza-se por uma maior integração entre melodia, harmonia e ritmo, letras mais elaboradas e ligadas ao cotidiano, valorização da pausa e do silêncio e uma maneira de cantar mais despojada e intimista do que o estilo que vigorava até então.
A história da Bossa Nova é a história de uma geração. Uma geração de jovens artistas brasileiros que acreditaram no futuro e conseguiram realizar o sonho de levar sua música aos quatro cantos do mundo.
As primeiras manifestações do que viria a ser conhecido como Bossa Nova ocorreram na década de 50, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados, amantes do jazz americano e da música erudita, tiveram participação efetiva no surgimento do gênero, que conseguiu unir a alegria do ritmo brasileiro às sofisticadas harmonias do jazz americano.
Ao se falar de Bossa Nova não se pode deixar de citar Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Telles, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros.
Todos eles jovens músicos, compositores e intérpretes que, cansados do estilo operístico que dominava a música brasileira até então, buscavam algo realmente novo, que traduzisse seu estilo de vida e que combinasse mais com o seu apurado gosto musical.
Impossível relatar quando a Bossa Nova realmente começou. Mas é certo que o lançamento, em 1958, dos discos Canção do Amor Demais, com Elizeth Cardoso interpretando composições de Tom e Vinícius, e Chega de Saudade - 78 rpm, com o clássico de Tom e Vinicius de um lado e Bim-bom, de João Gilberto, do outro -, nos quais João surpreendeu a todos com a nova batida de violão, foi o resultado de vários anos de experiências musicais. Experiências empreendidas não só por João, mas por toda a turma que se encontrava nas famosas reuniões na casa de Nara Leão.
Após o lançamento, em 1959, do primeiro LP de João Gilberto, também chamado Chega de Saudade, a Bossa Nova rapidamente se transformou em mania nacional e em poucos anos conquistou o mundo.
Mas bem antes disso o Rio de Janeiro já vivia um raro momento de florescimento artístico, como poucas vezes se viu na história da cultura nacional. Não é à toa que os anos 50 são conhecidos como os "anos dourados". O Brasil vivia então um período de crescimento econômico que acabou se refletindo em todas as áreas. Em 1956, Juscelino Kubitschek tomou posse na Presidência da República com o slogan desenvolvimentista "50 anos em 5".
No mesmo ano, foram lançados os romances O Encontro Marcado, do mineiro Fernando Sabino, e Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, dois importantes marcos na história da literatura brasileira. Paralelamente, surgia na poesia um movimento inspirado no concretismo pictórico, cuja maior característica foi a valorização gráfica da palavra e do qual participaram nomes como os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar, entre outros.
Em 1957, estreava o filme Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos, um dos primeiros representantes do que viria a ser chamado Cinema Novo. Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava sua primeira Copa do Mundo, derrotando a seleção sueca por 5 a 2 e levando o povo brasileiro a cantar alegremente "A copa do mundo é nossa / Com brasileiro não há quem possa". Também em 1958, Jorge Amado lançava Gabriela Cravo e Canela e Gianfrancesco Guarnieri estreava no Teatro de Arena de São Paulo Eles Não Usam Black-tie, um marco na linguagem do teatro brasileiro.
Em 1959, era lançado o movimento neoconcreto nas artes plásticas, do qual fizeram parte Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lígia Pape, entre outros. Em 1960, Juscelino Kubitschek inaugurava a nova capital do país, Brasília, que possivelmente teve a primeira música de Bossa Nova em sua homenagem, composta por Chico Feitosa. Billy Branco havia feito um sambinha jocoso, Não Vou, Não Vou Pra Brasília, e Chico musicou uma letra que falava da vida na nova cidade. O tema, chamado Paranoá, nunca foi gravado, mas encontra-se preservado numa gravação particular feita na época, com o próprio Chico Fim de Noite cantando. Foi neste contexto que surgiu o movimento que viria a revolucionar não só a música brasileira, mas toda a produção musical internacional.
Ainda nos anos 40, a grande novidade musical foi o lançamento, em 1946, de Copacabana um samba-canção de João de Barro e Alberto Ribeiro, gravado pelo cantor Dick Farney com claras influências da música americana. A composição foi a precursora do que se chamou samba moderno, cujos grandes intérpretes foram o próprio Dick Farney e Lúcio Alves.
A Bossa Nova logo se profissionalizou. O movimento deixara de ser um episódio carioca e tomava conta das rádios e televisões de todo o Brasil. Por todo o país violões passaram a ser vendidos como nunca. Músicos e compositores começaram a aparecer nas grandes e pequenas cidades, alegrando a música brasileira com a mensagem do amor, do sorriso e da flor.
Em Belo Horizonte um grupo de rapazes e moças se encontrava para um bate-papo nas horas de folga, entre um estudo de Química e Física. Um violão ou piano quase sempre fazia parte da conversa. A explosão da Bossa Nova estimulou o grupo, que passou a cantar e tocar o novo som que vinha do Rio de Janeiro. De vez em quando alguém aparecia assobiando música nova de sua autoria. De repente surgiu a idéia de formar um conjunto próprio para tocar suas composições. A coisa era fácil: todos tocavam um ou mais instrumentos.
O grupo, daí em diante, passou a reunir-se no sítio do pai de Pacífico Mascarenhas, nas proximidades de Belo Horizonte. Vai dia, vem noite, surgiu Sambacana, uma reunião musical na base de samba e cana, na qual eram apresentadas para os amigos as novas músicas.
Os compositores e músicos do grupo eram Pacífico Mascarenhas (Pouca DuraçãoComeçou de BrincadeiraAmor é IlusãoÔnibus ColegialOlhos FeiticeirosSe Eu Tivesse CoragemMandrake), Roberto Guimarães (Amor CertinhoSerenata BrancaMenina da Blusa Vermelha), Alceu Nunes (Quantas Noites Ainda?Estrada da Solidão), Gilberto Mascarenhas (RosinhaExplicação), Marcos de Castro, violonista e arranjador do grupo, e Ubirajara Cabral, pianista e maestro do Coral de Ouro Preto, apontado pelo jornal O Globo como o melhor conjunto vocal do Brasil em 1962.
Na Bahia, terra de João Gilberto, Carlos Coqueijo e Alcivando Luz, também amigos do cantor, apresentavam o novo som em suas casas e na casa de Nilde Almeida. Entusiásticos shows ocorreram no Teatro Castro Alves e na boate do Hotel da Bahia. Os músicos Perna Fróes, Tutti Moreno, Moacyr Albuquerque, Gecildo Caribé, Bira da Silva e Lula Nascimento esquentavam as noites de Salvador. Não menos importante para o movimento, em épocas diversas, foram os instrumentistas Genivaldo da Conceição, Lindenberg Cardoso, Fernando Lona e Djalma Correa.
A semente plantada por João Gilberto mais tarde traria Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil para a cena maior da música brasileira. Euler Vidigal, no Maranhão, despontava como compositor e reunia grupos de intelectuais, músicos e apreciadores para ouvir a novidade. Também de Minas, veio a voz romântica do cantor Luiz Cláudio.
A semente plantada por João Gilberto mais tarde traria Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil para a cena maior da música brasileira. Euler Vidigal, no Maranhão, despontava como compositor e reunia grupos de intelectuais, músicos e apreciadores para ouvir a novidade. Também de Minas, veio a voz romântica do cantor Luiz Cláudio.
No Rio, locais como o Beco das Garrafas, na Rua Duvivier, em Copacabana, tornaram-se pontos de encontro dos músicos e amantes do jazz e da Bossa Nova, O nome do local surgiu do hábito pouco educado que os moradores dos prédios tinham, de jogar garrafas sobre os boêmios que perturbavam a paz noturna, o que era freqüente.
Ali, nas boates Bottle's, Bacarat e Little Club, os amantes do jazz, da Bossa Nova e das garrafas promoviam memoráveis encontros musicais. O Little Club e o Bottle's pertenciam aos mesmos donos, Giovanni e Alberico Campana, que estimulavam as apresentações de grupos de jazz e Bossa Nova. Muita gente passou por lá neste início dos anos 60: Paulo Moura, Juarez Araújo, Cipó, Aurino, Maciel, Luizinho Eça, Luiz Carlos Vinhas, Sérgio Mendes, Baden Powell, Tião Neto e Chico Batera, entre muitos outros.
O Zum-Zum, boate do compositor Paulinho Soledade, e o Manhattan também abriram seus espaços para a Bossa Nova. O homem de televisão Geraldo Casé, responsável pelo que de melhor se fazia em shows de IV abriu uma casa noturna dedicada quase que exclusivamente aos intérpretes da Bossa Nova. O local tinha o sugestivo nome de Rui Bar Bossa.
Quando o disco de João Gilberto chegou a São Paulo, a maior concentração de pontos de encontro do pessoal que curtia jazz, MPB e música instrumental estava na Praça Roosevelt e seus arredores. Com ramificações, por exemplo, para os lados da Consolação, onde a boate Cave lançava cantores novos redescobria Aracy de Almeida ou Cyro Monteiro, e mais tarde apresentaria pocket shows, alguns importados do Beco das Garrafas. Neste mesmo rumo, chegava-se até a Rua Sete de Abril, onde a Oásis ainda era ponto de referência nas colunas sociais, e onde tocaram muitos dos músicos que viriam a se engajar na Bossa Nova.

IÊ-IÊ-IÊ



A Música Popular Brasileira (mais conhecida como MPB) é um gênero musical brasileiro A MPB surgiu a partir de 1966, com a segunda geração da Bossa nova . Na prática, a sigla MPB anunciou uma fusão de dois movimentos musicais até então divergentes, a Bossa Nova e o engajamento folclórico dos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, os primeiros defendendo a sofisticação musical e os segundos, a fidelidade à música de raiz brasileira. Seus propósitos se misturaram e, com o golpe de 1964, os dois movimentos se tornaram uma frente ampla cultural contra o regime militar, adotando a sigla MPB na sua bandeira de luta.
Depois, a MPB passou abranger outras misturas de ritmos como a do rock, soul e o samba, dando origem a um estilo conhecido como samba-rock, a do música pop e do Samba, tendo como artistas famosos Gilberto Gil, Chico Buarque e outros e no fim da década de 1990 a mistura da música latina influenciada pelo reggae e o samba, dando origem a um gênero conhecido como Samba reggae.
Apesar de abrangente, a MPB não deve ser confundida com Música do Brasil, em que esta abarca diversos gêneros da música nacional, entre os quais o baião, a bossa nova, o choro, o frevo, o samba-rock, o forró, o Swingue e a própria MPB.
História                                                                               
A MPB surgiu exatamente em um momento de declínio da Bossa Nova, gênero renovador na música brasileira surgido na segunda metade da década de 1950. Influenciado pelo jazz norte-americano, a Bossa Nova deu novas marcas ao samba tradicional.
Mas já na primeira metade da década de 1960, a bossa nova passaria por transformações e, a partir de uma nova geração de compositores, o movimento chegaria ao fim já na segunda metade daquela década. Uma canção que marca o fim da bossa nova e o início daquilo que se passaria a chamar de MPB é Arrastão, de Vinícius de Moraes (um dos precursores da Bossa) e Edu Lobo (músico novato que fazia parte de uma onda de renovação do movimento, marcada notadamente por um nacionalismo e uma reaproximação com o samba tradicional, como de Cartola).
Arrastão foi defendida, em 1965, por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira (TV Excelsior, Guarujá-SP). A partir dali, difundiriam-se artistas novatos, filhos da Bossa Nova, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda, que apareciam com freqüência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova. Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, (São Paulo em 1966), Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da Bossa para MPB.
Era o início do que se rotularia como MPB, um gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira durante as décadas seguintes. A MPB começou com um perfil marcadamente nacionalista, mas foi mudando e incorporando elementos de procedências várias, até pela pouca resistência, por parte dos músicos, em misturar gêneros musicais. Esta diversidade é até saudada e uma das marcas deste gênero musical. Pela própria hibridez é difícil defini-la.
ê-Iê-Iê foi usado como denominação do rock'n'roll brasileiro da década de 1960. O termo surgiu a partir da expressão yeah, yeah, yeah, presente em algumas canções dos Beatles, como She Loves You, por exemplo, o mesmo aconteceu na França onde o pop rock local sugido em meados dos anos 50 recebeu o nome de Yé-yé.
O diferencial do iê-iê-ê para a MPB tradicional era que nos acompanhamentos das canções havia sempre as guitarras elétricas substituindo o violão. Depois seria introduzido o órgão eletrônico, no lugar do piano. O rock começou a dominar o iê-iê-iê a partir dos grupos que se apresentavam no programa Jovem Guarda.

HIP-HOP


O hip hop é uma cultura artística que iniciou-se durante a década de 1970 nas áreas centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas da cidade de Nova Iorque. Afrika Bambaata , reconhecido como o criador oficial do movimento, estabeleceu quatro pilares essenciais na cultura hip hop: o rap, o DJing, a breakdance e a escrita do grafite. Outros elementos incluem a moda hip hop e as gírias.
Desde quando emergiu primeiramente no South Bronx, a cultura hip hop se espalhou por todo o mundo. No momento em que o hip hop surgiu, a base concentrava-se nos disc jockeys que criavam batidas rítmicas para pausas "loop" (pequenos trechos de música com ênfase em repetições) em dois turntables, que atualmente é referido como sampling. Posteriormente, foi acompanhada pelo rap, identificado como um estilo musical de ritmo e poesia, com uma técnica vocal diferente para utilizar dos efeitos dos DJs. Junto com isto surgiram formas diferentes de danças improvisadas, como a breakdance, o popping e o locking.
A relação entre o grafite e a cultura hip hop surgiu quando novas formas de pinturas foram sendo realizadas em áreas onde a prática dos outros três pilares do hip hop eram frequentes, com uma forte sobreposição entre escritores de grafite e de quem praticava os outros elementos.

O hip-hop emergiu em meados da década de 1970 nos subúrbios negros e latinos de Nova Iorque. Estes subúrbios, verdadeiros guetos, enfrentavam diversos problemas de ordem social como pobreza, violência, racismo, tráfico de drogas, carência de infra-estrutura e de educação, entre outros. Os jovens encontravam na rua o único espaço de lazer, e geralmente entravam num sistema de gangues, as quais se confrontavam de maneira violenta na luta pelo domínio territorial. As gangues funcionavam como um sistema opressor dentro das próprias periferias - quem fazia parte de algumas das gangues, ou quem estava de fora, sempre conhecia os territórios e as regras impostas por elas, devendo segui-las rigidamente.
Esses bairros eram essencialmente habitados por imigrantes do Caribe, vindos principalmente da Jamaica. Por lá existiam festas de rua com equipamentos sonoros ou carros de som muito possantes chamados de Sound System (carros equipados com equipamentos de som, parecidos com trios elétricos). Os Sound System foram levados para o Bronx, um dos bairros de Nova Iorque de maioria negra, pelo DJ Kool Herc, que com doze anos migrou para os Estados Unidos com sua família. Foi Herc quem introduziu o Toast (modo de cantar com levadas bem fraseadas e rimas bem feitas, muitas vezes bem politizadas e outras banais e sexuais, cantadas em cima de reggae instrumental), que daria origem ao rap.
 
No Brasil
O berço do hip hop brasileiro é São Paulo, onde surgiu com força nos anos 1980, dos tradicionais encontros na rua 24 de Maio e no Metrô São Bento, de onde saíram muitos artistas reconhecidos como Thaíde, DJ Hum, Styllo Selvagem, Região Abissal, Nill (Verbo Pesado), Sérgio Riky, Defh Paul, Mc Jack, Racionais MC's, Doctor MC's, Shary Laine, M.T. Bronks, Rappin Hood, entre outros.
Atualmente existem diversos grupos que representam a cultura hip hop no país, como Df Zulu Breakers (Brasilia-DF), Movimento Enraizados, MHHOB, Zulu Nation Brasil, Casa de Cultura Hip Hop, Posse Hausa (São Bernardo do Campo), Hip Hop Mulher, FNMH2, Nação Hip Hop Brasil, Associação de Hip Hop de Bauru, Cedeca, Cufa (Central Única das Favelas). A principal premiação do hip hop no país é o Prêmio Hutúz, em cerimônia realizada todo ano. É organizado pelo Hutúz e é considerado o maior da América Latina.






terça-feira, 20 de dezembro de 2011

TROPICALISMO


História do Tropicalismo, origem, influências, movimento e características, principais artistas tropicalistas, tropicália.

Origem do tropicalismo



O tropicalismo foi um movimento musical, que também atingiu outras esferas culturais (artes plásticas cinema, poesia), surgido no Brasil no final da década de 1960. O marco inicial foi o Festival de Música Popular realizado em 1967 pela TV Record. 

Influências e inovações

O tropicalismo teve uma grande influência da cultura pop brasileira e internacional e de correntes de vanguarda como, por exemplo,o concretismo. O tropicalismo, também conhecido como Tropicália, foi inovador ao mesclar aspectos tradicionais da cultura nacional com inovações estéticas como, por exemplo, a pop art.
O tropicalismo inovou também em possibilitar um sincretismo entre vários estilos musicais como, por exemplo, rock, bossa nova, baião, samba, bolero, entre outros.
As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano de uma forma inovadora e criativa.
 
Críticas recebidas 

O movimento tropicalista não possui como objetivo principal utilizar a música como “arma” de combate político à ditadura militar que vigorava no Brasil. Por este motivo, foi muito criticado por aqueles que defendiam as músicas de protesto. Os tropicalistas acreditavam que a inovação estética musical já era uma forma revolucionária.

Uma outra crítica que os tropicalistas receberam foi o uso de guitarras elétricas em suas músicas. Muitos músicos tradicionais e nacionalistas, acreditavam que esta era uma forte influência da cultura pop-rock americana e que prejudicava a música brasileira, denotando uma influência estrangeira não positiva.

Os principais representantes do tropicalismo foram:

- Caetano Veloso
- Gilberto Gil
- Os Mutantes
- Torquato Neto
- Tom Zé
- Jorge Bem
- Gal Gosta 

- Maria Bethânia

Os discos tropicalistas que mais fizeram sucesso foram:

- TROPICÁLIA ou PANIS ET CIRCENCIS - 1968 – Mutantes
- CAETANO VELOSO - 1968
- LOUVAÇÃO - 1967 - Gilberto Gil
- A BANDA TROPICALISTA DO DUPRAT - 1968 - Rogério Duprat
                                   


Músicas tropicalistas que fizeram sucesso:
- Tropicália (Caetano Veloso, 1968)
- Alegria, Alegria (Caetano Veloso, 1968)
- Panis et circencis (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1968)
- Atrás do trio elétrico, (Caetano Veloso, 1969)
- Cadê Teresa (Jorge Ben, 1969)
- Aquele abraço (Gilberto Gil, 1969)

ALGUNS VÍDEOS:


 

 



HISTÓRIA POLÍTICA 



Me dá um beijo, meu amor

Esta frase, parte da letra da música É proibido proibir, de Caetano Veloso, reflete o auge do movimento musical mais importante do nosso país: O Tropicalismo.

Já no Festival de MPB de 1967, veríamos nascer, com Alegria, alegria e Domingo no parque, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, respectivamente, a Tropicália ou o Tropicalismo.

Mas a vida política do País, regida pelo autoritarismo dos governos militares, descambou de uma vez. Em 1968, o então presidente Arthur da Costa e Silva assinou o Ato Institucional n° 5, legitimando, por decreto, a censura prévia a todos os veículos de comunicação em território nacional, as prisões arbitrárias e as cassações de mandatos políticos. A violência e a tortura passaram a ser a forma de o Estado "dialogar" com seus adversários políticos. O Brasil viveu os próximos cinco anos num verdadeiro clima de terror político, revivendo os tempos do Estado Novo, do rádio e do DIP. Da mesma forma que naquela época, como já vimos, agora também nossa produção cultural era peneirada. Em fins dos anos 60 e inícios dos anos 70, repetindo antigos esquemas, só viriam a público a música, a peça de teatro, o livro, enfim, o produto cultural que os censores julgassem adequados ao momento político. Qualquer obra considerada ofensiva ao Estado seria proibida e seu autor ficaria sob a estreita vigilância do DOPS - Departamento de Ordem Política e Social.

Surgiam, então, as organizações paramilitares de direita e de esquerda: o CCC - Comando de Caça aos Comunistas - nome que dispensa maiores comentários, e diversos grupos partidários da guerra de guerrilha, cujo objetivo era promover a revolução socialista no País.

Ainda em 1968, em São Paulo, um episódio grosseiro, de verdadeiro vandalismo, abalou a vida cultural brasileira. A peça Roda-viva, de Chico Buarque, foi paralisada em plena apresentação. Membros do CCC invadiram o teatro, espancaram atores, espectadores e saíram em fuga. Apesar de terem sido reconhecidos, nunca foram procurados pelos órgãos responsáveis. A omissão do Estado só viria a confirmar sua cumplicidade.

No plano econômico, porém, vivíamos a euforia do "milagre brasileiro", cujas conseqüências causaram enorme impacto reacionário no governo Geisel e se faz sentir até nossos dias. A política desenvolvimentista do então Ministro do Planejamento, Antônio Delfim Netto, agitou a economia brasileira e as bolsas de valores. Determinados segmentos da classe média que "apostaram" na estratégia econômica do Ministro, fazem hoje parte do fechado clube dos "novos ricos". O enriquecimento rápido deu-se principalmente pelo boom nas bolsas de valores de São Paulo e do Rio. O movimento de ações causava delírio entre corretores e investidores. O poder aquisitivo do cidadão brasileiro aumentara, justamente por causa da política desenvolvimentista, que, sem mecanismos de controle inflacionário, faria mais tarde a inflação disparar. Vivíamos o momento que anteciparia a fase populista do "Brasil, ame-o ou deixe-o" e do "Ninguém segura este pais".

Mas foi no início de 1969, pouco antes do clima de euforia econômica, de terrorismo político e de destruição da produção cultural brasileira, que o Movimento Tropicalista viveu seus últimos momentos. Se o endereço original da bossa nova fora o Rio de Janeiro, o Tropicalismo nasceria em São Paulo, formado por um grupo de cantores e compositores liderados por Caetano Veloso, Gilberto Gil, o maestro Rogério Duprat e o poeta Torquato Neto. Presenciávamos também nessa época o fim dos grandes festivais, pois como novidade já se haviam esgotado e como manifestação politico-cultural já não podiam usar o mesmo discurso.

O governo autoritário do presidente Médici iria condicionar, como veremos adiante, a linguagem política na arte brasileira de acordo com suas conveniências.

O Tropicalismo "sacode" nossa vida musical

Convém voltarmos um pouco atrás no tempo e no espaço para melhor entendermos a revolução da Tropicália. Depois das apresentações de "O Fino da Bossa" em 1965 e do Show "Opinião", em 1964-5, com João do Vale, Maria Bethânia, Zé Kéti e Nara Leão, ocorre a descaracterização da bossa nova. A "canção de protesto", par motivos óbvios, já não se manifestava mais. Nossa criatividade musical mergulhou na letargia, empurrada pela censura, enquanto as canções bossa-novistas começavam a perder público em decorrência do seu discurso cifrado e da própria intelectualização do movimento. A partir de l966, a indústria cultural esteve muito mais voltada para a Jovem Guarda, cujo prestígio popular continuava em alta, enquanto a MPB, com exceção do movimento liderado por Roberto Carlos, atravessava uma nítida crise de popularidade (e por que não de qualidade?). Subjacente a esse declínio estava a tirania do Estado, a todo instante destruindo a obra de arte e substituindo-a pelo arremedo.

Isto, no entanto, não significaria tudo, é claro. A bossa nova completaria, de qualquer forma, seu ciclo de duração. Como em todo movimento artístico, na música também há o início, o auge e o fim, muito embora seu caráter revolucionário e inovador, no plano estético e às vezes político, deixe sempre um legado cultural para a sociedade.

Mas, a partir do festival de 1967, a história da música popular brasileira mudaria de rumo. Um jovem cantor e compositor baiano, magricela, jeito displicente, audacioso (ainda bem, para a nossa música), apresentava-se no palco da TV Record, em São Paulo, inteiramente lotado, para cantar sua música para o júri e para o Brasil: Alegria, alegria. O acompanhamento estava a cargo do conjunto argentino Beach Boys, que fazia muito sucesso cantando ié-ié-iê nas tardes de domingo, na Jovem Guarda.

Um sacrilégio! Uma verdadeira heresia! O mundo musical brasileiro estava, após a apresentação de Caetano, sob o impacto da mais nova e revolucionária proposta de transformação da nossa música. Desta vez, nem a TFP - Tradição, Família e Propriedade - agüentou ficar quieta. Seus membros classificavam o comportamento de Caetano como "coisa do demônio". Em tom de galhofa, de chacota, os colegas tropicalistas do cantor, sempre que tinham oportunidade faziam brincadeiras a respeito do pronunciamento da TFP.
Como sempre ocorre, quando a arte traz consigo uma concepção inovadora, uma ruptura com a redundância, escandaliza, cria polêmica, divide os críticos, a sociedade, mas, sobretudo, abre novos caminhos, novas perspectivas para o seu próprio desenvolvimento e enriquecimento. Foi assim. por exemplo, com o surrealismo literário de André Breton, no início do século, na Europa, e com a Semana de Arte moderna de 22, em São Paulo, liderada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos. Foi assim, também, com Alegria, alegria, de Caetano Veloso. Além de usar a guitarra elétrica e um conjunto de iê-iê-iê, num festival exclusivo de música popular brasileira, Caetano foi mais além: Os Beach Boys não eram brasileiros; eram argentinos. Ora, isso foi demais para o coração e a cabeça dos tradicionalistas da nossa música. Além de o conjunto ser especializado em "música alienígena", como declarou um dos jurados, ainda seus componentes são argentinos? Eles não deveriam, segundo a concepção dos conservadores, estar participando de um festival de música popular brasileira. Houve quem tentasse agredir Caetano fisicamente e anular sua participação. Bobagem. Não conseguiram. O júri dividiu-se, a platéia também. Vaias e aplausos misturavam-se aos tomates, bolinhas de papel, flores e ao tradicional sinal de positivo feito com o polegar para cima, criando um clima absolutamente conturbado, que em muito lembrava as apresentações dos modernistas em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Vale lembrar que, por irônica coincidência, vaias, tomates e flores também estavam presentes na semana dos modernistas.

A cidade se dividiu contra e a favor de Caetano e de sua música. A "tradicional família musical" brasileira (a frase é de Valter krausche) estava estarrecida e grogue como se estivesse abandonando o ringue após um nocaute. O talento e a irreverência do compositor baiano haviam "sacudido a poeira" da nossa música e da crise de criatividade em que ela se encontrava. Alegria, alegria foi classificada em quarto lugar, logo depois de Ponteio (Edu Lobo), Domingo no Parque (Gilberto Gil) e de Roda-viva (Chico Buarque).

A partir daquele instante, estava oficialmente lançado o Tropicalismo. Na nossa música, nada mais seria como antes, e Alegria, alegria representava o divisor de águas, o marco inicial de uma era musical no Brasil e, sobretudo, a ruptura definitiva com os preconceitos musicais. Tem razão o poeta Ezra Pound, quando diz que "o artista é a antena da raça": os tropicalistas captaram muito bem o momento político e cultural do País. Sem incorrer no panfletarismo da "música de protesto", eles trabalharam a política e a estética mostrando as contradições do nosso subdesenvolvimento. Em Tropicália, música que melhor resume as idéias do movimento, encontramos o trabalho político e estético dos tropicalistas. O elemento alegórico e a ironia estão sempre presentes.

Inspirado no Manifesto Pau-Brasil, do poeta modernista Oswald de Andrade, o Tropicalismo cria uma estética cuja combinação e contrastes de elementos incluem a miséria, o passado, o desenvolvimento, a tecnologia industrial, os movimentos musicais brasileiros, o subdesenvolivimento e a paródia. Esta última como instrumento de ridicularizarão da ideologia do nacionalismo ufanista.

A relação de contrastes, confrontando e comparando o moderno e o arcaico, o rústico e o industrializado, o primitivo e o civilizado, através da linguagem metafórica e do humor crítico, foi, sem dúvida, a grande contribuição do Tropicalismo à música popular brasileira. Além de estar criticamente atento à interpretação cultural da contemporaneidade, como produto dos veículos de comunicação de massa, ele transcende o âmbito da mera observação e incentiva a pesquisa musical onde se fundem todos esses elementos. Basta ver a obra de Hermeto Paschoal. Em suas apresentações o artista utiliza desde a cabaça, o berimbal, o berrante, a lata de querosene até a guitarra elétrica, o órgão e o sintetizador, que, tocados ao mesmo tempo, produzem um som criativo e inovador.

A melodia e o texto tropicalista

A estética tropicalista trata, com muito humor e ironia, as disparidades sociais advindas do desenvolvimento desigual do capitalismo. Na construção poética novo/velho (música pop e Carmen Miranda), rústico/moderno (azeite-de-dendê e Formiplac), Iracema/Ipanema, bossa/palhoça, reside ainda a contraposição de valores que se revestem, aos olhos do espectador, de outros significantes, ampliando o alcance da ação crítica. Mas é também no contraste entre o arcaico e o moderno que encontramos a metáfora substituindo e aludindo à relação de dependência entre desenvolvimento e subdesenvolvimento.

Se o movimento tropicalista, que a todo momento trabalhou com o binômio estética/política objetivava mostrar as contradições do nosso país e a relação de dependência, realmente consegui. Veja, por exemplo, em Tropicália, a imagem "cinematográfica" (um dos elementos estéticos do Tropicalismo) que Caetano cria: depois de destacar a grandiosidade da arquitetura urbana, símbolo da frase desenvolvimentista do governo Kubitschek ("monumento do Planalto Central do País"), o autor, numa frase lapidar, nos dá a exata idéia das contradições e do nosso subdesenvolvimento ao anunciar que "no joelho uma criança sorridente, feia e morta estende a mão".

Na verdade, esta contraposição de elementos da cultura brasileira aproxima-se muito daquilo que Oswald de Andrade já havia feito no Manifesto Pau-Brasil. Até aí nada a contestar. A própria liderança do movimento tropicalista teve esta intenção e reconheceu que ele era a retomada oswaldiana, recriado e atualizado na linguagem do meio urbano-industrial. A televisão, a fórmica, a arquitetura arrojada de Brasília, o avião, a modernidade de Ipanema, a bossa nova, o plástico, a guitarra elétrica, a música pop, o azeite-de-dendê, Iracema, Cármen Miranda, a dança do bumba-meu-boi, a palhoça e o namorinho de portão, não poderiam mesmo deixar de ser mencionados e contrapostos.

Certa ocasião, em entrevista ao Jornal do Brasil, Caetano reconheceu que o tropicalismo é uma tentativa de superar, o nosso subdesenvolvimento, partindo exatamente do elemento cafana de nossa cultura, difundindo e fundindo ao que houvesse de mais avançado industrialmente, como as guitarras e a roupa de plástico.

Não por acaso, Caetano apresenta-se no TUCA - Teatro da Universidade Católica - todo vestido com roupa de plástico verde e preta, cantando É proibido proibir. Durante a apresentação, muitas vaias e poucas palmas. Interrompendo sua apresentação, ele agrediu violentamente o público e chamou o júri de incompetente para julgar sua música. Caetano estava, a partir daquele momento, eliminado do festival. Estava proibido de nova apresentação.

Assim, além da identidade da linguagem (o uso da paródia e a contraposição de elementos), da forma de encarar a xenofobia, os movimentos tropicalista e modernista aproximaram-se ainda na crítica que faziam ao desenvolvimento desigual do capitalismo brasileiro. A letra de É proibido proibir discorre sobre esses elementos, agora vistos pelo prisma da contemporaneidade e da estética tropicalista.

No fim de 1968, de revólver em punho, Caetano Veloso cantava diante das câmeras de televisão a música Anoiteceu, de Assis Valente, e considerava o Tropicalismo historicamente sepultado. De fato, o movimento propriamente dito, completaria seu ciclo, mas as idéias permanecerão definitivamente em nossa cultura. Não foi uma moda a mais. A letra de Tropicália, símbolo e síntese das idéias do movimento, contém todos os elementos que analisamos acima.